segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Vida Alheia Como Combustível.

Apesar de ter iniciado a pouco tempo o curso de jornalismo, uma das palavras que se destaca como a que vai nos acompanhar não só durante o curso, mas também durante toda a carreira profissional, é a ética.
Ética, uma palavra tão pequena sintaticamente falando, mas carregada de significados que a torna insustentável para alguns. Em um mundo tão globalizado e capitalista, onde fica o espaço para ser ético, quando isso vai de frente a forças aparentemente mais fortes como dinheiro e poder?
Quando se tem acesso a tanta informação, o que podemos classificar como comunicação?
Tenho acompanhado o caso Eliza Samúdio e fiquei chocada com a notoriedade que os diversos veículos comunicacionais que estão cobrindo o caso buscam. Cada vez que ligo a televisão ou pego um jornal, tenho a sensação de que o tudo está começando do zero, tamanha a quantidade de pessoas que se envolvem diariamente no caso. Para a imprensa, ressalvo que nem todos os veículos, mas a maioria, qualquer um que quiser falar ganha vez e voz.
É alarmante perceber como um evento tão grandioso e que foi realizado em um continente com tanta desigualdade social, que recebeu de braços abertos o mundo para a festa de união de todos os povos, foi quase totalmente ofuscado em nosso país por um caso que apesar de todos os boatos, todos os supostos participantes e toda a atenção dada pela imprensa, ainda não tem sequer uma prova que o leve a uma direção correta das investigações.
Cita-se nomes, culpa-se pessoas, sem se saber o que de fato aconteceu.
Não que o caso não seja de importância para a sociedade, e claro, que se houveram crimes os culpados deverão ser punidos, mas o que mais me entristece como futuro membro dessa imprensa é ver que para estar à frente do outro, ou para levar os créditos, a dor de várias pessoas e o direito de defesa de outras, se transformou em um verdadeiro circo de horrores. O que se torna a ética em casos como esse? Onde está a utilidade pública de acompanhar um caso onde os personagens vão de mocinhos a vilões de um dia para o outro?
São questionamentos que nos fazem pensar em que receptores de infomação estamos nos tornando.
Acho que não deve ser tão importante o fato da África, depois de sofrer mais de trinta anos com a história de preconceito racial no apartheid, ter dado o exemplo de superação, e de boa recepção aos seus irmãos de todo o mundo, pois por aqui muitas pessoas estavam curiosas por saber o desfecho de uma história que ainda não teve sequer, o seu roteiro terminado.
Liliane Mendes.

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